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Com futuro incerto no Grêmio, Renato Portaluppi revela interesse de quatro clubes da Série A

  • fabianohennemann
  • 8 de nov. de 2024
  • 5 min de leitura

Ídolo alcança 800 jogos pelo Tricolor como jogador e técnico e declara desejo de contrato vitalício, mas admite que decisão não está em suas mãos


Renato em treino do Grêmio, no CT Luiz Carvalho — Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA
Renato em treino do Grêmio, no CT Luiz Carvalho — Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA

Renato Portaluppi atinge a marca de 800 jogos pelo Grêmio, somando suas passagens como jogador e técnico, no duelo contra o Palmeiras nesta sexta-feira. O treinador, de 62 anos, comentou sobre o feito histórico e discutiu seu futuro em entrevista ao portal GZH, do Grupo RBS. Com contrato válido até o fim da temporada, a continuidade de Renato em 2025 ainda é incerta. O ídolo afirmou que só irá debater uma possível renovação com a diretoria após garantir que o Grêmio esteja livre de qualquer risco de rebaixamento.


– Dois clubes grandes da Série A tentaram me tirar daqui há uns três meses. Falei para eles, costumo cumprir meu contrato. A não ser que o clube me mande embora. Nas últimas três semanas, quatro clubes da Série A me procuraram. Em uma situação dessa, jamais abandonaria o Grêmio – declarou o técnico.


Renato destacou seu amor pelo clube, afirmando que assinaria um "contrato vitalício" se dependesse apenas dele, e que se empenhará para permanecer, caso esse seja o desejo da direção. Ele também destacou a importância da opinião da torcida na decisão. No entanto, caso a permanência não aconteça, o técnico já vislumbra outras possibilidades para 2025, revelando que quatro clubes da Série A demonstraram interesse em seu trabalho recentemente. Durante a temporada, ele recebeu outras propostas, mas optou por continuar em meio à luta para afastar o Grêmio de situações complicadas na tabela.


Confira trechos da entrevista:


O que significa essa marca de 800 jogos?


É difícil até explicar, né? Bater essa marca de jogador e treinador, para mim, acho que aí responde muito o porquê tenho uma estátua no clube. Muito feliz, até porque, além de ter essa marca, se você juntar, são muitas conquistas. Tenho essa marca justamente porque dei muito em troca também. É o que eu falei. A minha estátua fala por si. Porque, como jogador e como treinador, eu conquistei muito.


Guarda com mais carinho as memórias da época de jogador ou agora como técnico?


É difícil. Como jogador não tem como não falar, por causa dos dois gols em Tóquio. Eu sabia que me garantia. Estava lá dentro para fazer as coisas, para ajudar. Como treinador, dependo dos outros. Para ser campeão, é muito difícil. É fácil você ver o pessoal comemorando, mas a caminhada é longa para ser campeão.

Principalmente, no momento em que fui campeão, como treinador, ninguém acreditava no nosso time. Então, é um mérito maior ainda. Depois de 15 anos, o Grêmio conquistou a Copa do Brasil, uma Libertadores. E muita gente que eu trouxe para ser campeão naquele ano eram jogadores desacreditados. Fui criticado por trazer os caras. E os caras foram os campeões. O título é uma emoção muito grande. Só que, como jogador, eu podia decidir, entendeu? Eu, como treinador, tenho de tomar as decisões, mas quem decide são os jogadores.


Tem chamado a atenção essa sua postura nas últimas entrevistas.


Reconheço isso, exagerei em algumas entrevistas. Mas ao mesmo tempo, se coloque no meu lugar. Você não tem noção do que eu passo e o que eu mato no peito dentro do clube. E aí chega uma hora que eu vejo muitas vezes, claro que não são todas, mas um ou outro falando besteira. Aí é o momento de descarregar. Estou errado, mas é o momento de descarregar. Você não tem noção do que eu faço nesse clube.


O que é essa pressão?


Muita gente já fala assim: "Ah, o Renato manda no Grêmio". Não mando p* nenhuma. Sou empregado do Grêmio. Quem manda no clube é o presidente, tem um vice-presidente, tem um executivo. Eu ajudo os departamentos. Simplesmente isso. Então muitas vezes é muita coisa na minha cabeça. Se estou vendo uma coisa errada, se não me meter, a coisa vai estourar em mim, no treinador. Procuro ajudar o clube e defender a instituição. Então sobre isso que você falou, que às vezes eu reconheço, eu vou mudar. Mas é muita pressão. Você não tem noção.


Tem o desejo de seguir no Grêmio no ano que vem?


Por mim, faria um contrato para o resto da minha vida com o Grêmio. Minha cabeça hoje está voltada para fazer os pontos que precisamos no Brasileirão. Não posso chegar lá pro presidente do clube, para o vice-presidente, para o executivo e para a torcida do Grêmio e dizer: "Eu vou ficar". Pode ser um desejo meu. Mas aí tem uma decisão de um presidente, de uma diretoria, de um executivo e da torcida.


Se quando fizer essa pontuação e eu sentir que as pessoas me querem aqui, vou fazer força pra ficar. Se eu sentar e ver que as pessoas não me querem aqui, em primeiro lugar, vou sair com consciência tranquila por tudo o que eu fiz. Sei o que eu fiz durante esse ano. Se não sentir isso da direção e da torcida, vou embora. Tenho a minha vida, não me falta nada. Sou um cara realizado. Gostaria de continuar, mas eu fico onde as pessoas me querem, onde me sinto bem. Não vou ficar aqui roubando o clube, que eu nunca fiz isso. O dia em que o Grêmio me não quiser mais, vou sair pela porta da frente, ok?


Fluminense x Grêmio Brasileirão Maracanã Renato Portaluppi — Foto: Lucas Uebel / Grêmio FBPA
Fluminense x Grêmio Brasileirão Maracanã Renato Portaluppi — Foto: Lucas Uebel / Grêmio FBPA

Mas o que teu sexto sentido diz agora?

Hoje, meu sexto sentido diz que estou em cima do muro. Fiquei muito triste quando soube que a torcida me vaiou. Não vou negar. Vaiaram no início da partida, né. Entendo o torcedor. Perdemos o Gre-Nal e caímos na Copa do Brasil e na Libertadores. O Renato tem culpa? Tem. Mato essa no peito. Torcedor quer ganhar sempre, e eu entendo.


Mas o torcedor precisa entender os motivos também. Quando fizermos os pontos necessários (para evitar o risco de rebaixamento), vou sentar com o Guerra (presidente). Para me despedir ou sentar com ele e perguntar o que ele pensa. Mas vou sentir o ambiente externo também. O torcedor que vai me dar essa resposta.


Existe solução para enfrentar clubes com mais poder de investimento, como as SAFs?


Já ganhei com times desacreditados no Grêmio. Mas na hora do vamos ver, dentro do campo, é a qualidade. Faz a diferença. A qualidade pode não ganhar sempre. Mas a probabilidade de ganhar é muito maior do que perder. Então tem de ver também onde o Grêmio vai estar. Vai estar aqui em cima, mesmo não sendo SAF, ou vai brigar aqui embaixo. Mas no momento que não tem SAF, não tem dinheiro, na hora do vamos ver, todo mundo quer ganhar. Costumo falar, você quer um omelete, mas você não dá os ovos. Aí cai sempre na conta de quem? Do treinador.

 
 
 

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